Desde que comecei a me envolver com o tema, algo me incomoda toda vez que vejo alguma matéria ou alguém defendendo o aumento das lideranças femininas e a conquista pela equidade com base na lucratividade das empresas.
Por exemplo, o estudo sobre diversidade conduzido pela consultoria McKinsey, comparando gênero e dados financeiros, mostra que as companhias que possuem pelo menos uma mulher em seu time de executivos são mais lucrativas. Isso porque essas empresas têm 50% mais chance de aumentar a rentabilidade e 22% de crescer a média da da margem Ebitda. (fonte: Valor)
Quando manifestei meu incômodo para Nilima Bhat que, não só entendeu, como escreveu à quatro mãos o artigo “Liderança Shakti: sua aliada na corrida pela equidade”, destacamos o real motivo, ao nosso ver, das empresas existirem. E que vai muito além do conhecido “gerar lucro aos acionista”.
As empresas têm o incrível poder de cuidar de seus funcionários, o bem de longo prazo de seu mercado, a sustentabilidade do meio ambiente e contribuem para um futuro melhor.
Se este entendimento ainda te traz dúvidas, afinal o tal lucro para os acionistas, está estampado na parede da sua empresa, te convido para assistirmos juntos esse TEDx com Raj Sisodia, com quem tive a oportunidade de estar presencialmente, conhecendo de perto seu conceito de Healing Organization:
E, antes de chegarmos na lista das razões, quero te dar mais um dado importante: Melinda Gates, vai investir US$ 1 bilhão para combater a desigualdade de gênero no ambiente de trabalho. Como? Destinado o valor à promoção da equidade de gênero, à luta pelo aumento da participação feminina no mercado de trabalho e ao estímulo para que as empresas coloquem mais mulheres em cargos de confiança e liderança.
Ah, isso não acontece no mercado de trabalho convencional! Você pode estar pensando neste momento. Então vou te dar mais um dado:
“Precisamos ser liderados por ela e para ela.”
John Mehas
O autor dessa frase é o CEO da Victoria Secret, John Mehas que, durante a sessão de perguntas e respostas no dia anual do investidor em Columbus, Ohio, mostrou a preocupação real da A L Brands, que controla a marca, em transformar a Victoria’s Secret com uma estratégia mais inclusiva, nova experiência nas lojas e uma reformulação do marketing ainda em desenvolvimento que não afastar os principais clientes. (fonte: Exame)
Dito isso, trago aqui as 8 razões pela liderança feminina, não só na sua empresa e setor, como para uma sociedade mais justa e equilibrada:
1ª: Apoio. Mais mulheres assumindo cargos de liderança traduzem em um ambiente mais equilibrado, evitando a sensação de ser “a única” que ainda é uma experiência comum para milhões de mulheres no mercado. Uma em cada cinco mulheres diz que, por várias vezes, está só no ambiente de trabalho: em outras palavras, está isolada. Isso é duas vezes mais comum para mulheres em nível sênior e em funções técnicas: 40%.
2ª Identidade. Assim como no exemplo citado acima, as marcas e empresas precisam se identificar com o e pelo público feminino.É colocar em prática, o que o CEO da Victoria Secret trouxe em seu discurso: Por elas, para elas.
3ª Inspiração. A famosa capa da INC. Magazine com a CEO da The Wing, Audrey Gelman, bem como sua frase – “Você não pode ser o que não pode ver” – mostram que precisamos de lideranças para que mais mulheres se sintam inspiradas e motivadas de que sim, é possível.
4ª Zeitgeist. O termo alemão que significa “espírito do tempo” define o que Melinda Gates manifestou no anúncio de seu programa de incentivo à equidade: uma janela foi aberta com as manifestações globais a favor do movimento #MeToo. É preciso aproveitar o momento – que não deve durar por muito tempo.
5ª Pertencimento. De acordo com o “Getting to Equal 2019: Criando uma cultura que impulsiona a inovação”, um estudo recente publicado pela Accenture, “a cultura da igualdade impulsiona a inovação e que, um ambiente fortalecedor, com um alto senso de pertencimento e aprendizado é um ingrediente essencial”. É preciso ter representatividade para gerar pertencimento.
6ª Equilíbrio. Trazer e promover o equilíbrio e crescimento inclusivo para o nosso espaço de trabalho, preparando as mulheres para lidar com os papéis e responsabilidades que eles merecem, querem e precisam.
7ª Justiça. Em dezembro de 2018, o Fórum Econômico Mundial apontou que todo o mundo levaria dois séculos para alcançar a paridade salarial. Atualmente, o Brasil ocupa o 132º lugar no item equidade salarial para trabalho similar, no ranking com 149 nações. Homens e mulheres ganhando o mesmo valor para exercer a mesma função é um questão de justiça social.
8ª Tempo. As mulheres vão ganhar o mesmo que os homens apenas em 2085, vão ocupar 51% dos cargos de diretoria executiva ( percentual que as mulheres representam na população brasileira) em 2126 e, a mesma perca em cargos de alta gestão, somente no ano de 2213 (Fonte:Folha de São Paulo).
O que você está esperando para começar?
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Elisa Tawil
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