A minha demissão rumo ao empreendedorismo foi o resultado de uma equação que pode parecer simples, mas que está carregada de elementos complexos. E só fui compreender isso agora, mais de um ano depois do início desta jornada.
Uma conversa pautada por realidade, honestidade e, principalmente, silêncio.
Realidade por encarar fatos do que eu estava vivendo naquele momento: um cargo sem função em uma alta gerência exercendo atividades operacionais e pouco estratégicas, sem nenhuma projeção de mudança.
Honestidade por apresentar o cenário descrito e admitir, para mim e para a empresa, que algo não fazia sentido com cargo e a função – ou seria com a profissional em questão, eu?
Tinha a sensação de que não havia mais espaço para mim naquele lugar. Pelo menos, não como eu imaginava.
E o silêncio.
“Entre o estímulo e a resposta há um espaço. Neste espaço está nosso poder de escolher nossa resposta. Na nossa resposta está nosso crescimento e nossa liberdade.” Viktor Frankl
Esse entendimento da liberdade que existe entre o estímulo e a resposta, como cita Frankl, só fui compreender um tempo depois e vou te contar quando.
Foi voltando de uma imersão em escutatória e foco, numa metodologia desenvolvida por Thomas Brieu. Dentre o universo de descobertas, além da mudança de mindset, ressignifiquei o papel do silêncio e a porta que ele abre para a nossa liberdade.
No ritmo que envolve os nossos dias, estamos imersos no acréscimo de tarefas. Por vezes, não percebemos que a nossa capacidade de executar essas tarefas diminui. E mesmo quando ouvimos frases como “dormir é para os fracos” ou “o quê você faz da meia-noite às 6h?”, e reconhecermos que dormir é necessário, estamos perdendo um precioso ingrediente essencial para o poder do cérebro: o silêncio.
Um estudo publicado pela National Library of Medicine descobriu que a exposição ao silêncio prolongado pode realmente levar o cérebro a produzir novas células. Segundo o estudo, a exposição a uma certa quantidade de silêncio por dia estimula o desenvolvimento celular no hipocampo, região do cérebro relacionada à formação da memória, envolvendo os sentidos.
Nesta imersão em escutatória, redescobri o quão poderosos podem ser alguns segundos de silêncio. Especialmente, quando estamos em uma negociação ou argumentação.
Foi assim na minha demissão. Parar, refletir e silenciar me permitiu decidir por quais caminhos seguir. Encontrei a liberdade.
Uma liberdade carregada de sentimentos, como escrevi no artigo sobre a minha jornada empreendedora.
Nesta equação, a demissão não é a resultante, mas um fator para a compreensão do significado deste processo de crescimento.
A resultante dessa equação é a liberdade.
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