A responsabilidade do urbanismo e do desenvolvimento imobiliário pelas cidades aumenta na mesma proporção da temperatura do planeta
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A responsabilidade do urbanismo e do desenvolvimento imobiliário pelas cidades aumenta na mesma proporção da temperatura do planeta. Na urgência de adotarmos soluções que diminuam os danos socioambientais, o urbanismo regenerativo ganha destaque.
Com seu princípio básico na sustentabilidade, o conceito emerge como uma abordagem mais precisa e contemporânea, atuando além das práticas já conhecidas, implementando soluções restauradoras de ecossistemas.
No atual cenário imobiliário, projetos que não adotam preceitos de energias limpas, design sustentável e biofilia estão destinados ao fracasso. A demanda dos clientes por práticas mais ecológicas e sustentáveis é inegável. O mercado está pronto para esse novo paradigma, desde que seja aplicado de forma autêntica e não apenas como um rótulo vazio.
No universo do urbanismo, profissionais como Rayssa Bielefeld desempenham um papel crucial. Graduada em Arquitetura Urbanista pela PUCRS e especialista em Projetos Urbanos, Bielefeld traz uma vasta experiência, destacando-se em importantes empreendimentos nacionais. Atualmente, é sócia na AREAURBANISMO, um dos maiores escritórios de urbanismo do Brasil, e coordenadora da Comissão ADIT Mulher (Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil), uma iniciativa em prol da equidade de gênero no mercado de trabalho.
Nesta conversa exclusiva para O Mercado por Elas, abordamos os impactos positivos e necessários do urbanismo regenerativo especialmente para o setor imobiliário, com uma visão holística das entidades de classe, empresas e consumidores.
“Hoje o mercado já está preparado (…) está maduro para o urbanismo regenerativo, mas há que ter esse cuidado para que não se torne apenas um rótulo, e sim uma disciplina aplicada dentro dos projetos”, reforça Rayssa.
A implementação eficaz desta visão regenerativa requer o apoio ativo das entidades, empresas e governo. Estes devem proporcionar espaço e incentivo para que os decisores e investidores sintam-se motivados a abraçar ideias inovadoras. Políticas de incentivo e abertura para novos conceitos são cruciais para a concretização desses projetos.
Rayssa traz o alerta: “às vezes a gente tem vontade de fazer um projeto melhor e não consegue por conta de uma normativa, por conta de uma legislação, por conta (…) ainda ser uma coisa muito nova e não haver ainda uma abertura para isso. É muito importante que haja incentivo e abertura das pessoas que estão nessas entidades e no poder público para que a gente possa juntos crescer”.
O cliente desempenha um papel fundamental no sucesso de práticas de urbanismo sustentável e regenerativo. A expectativa de um ambiente que promova preservação, cuidado e eficiência de recursos é alta. É imperativo que o mercado imobiliário esteja pronto para atender a essa demanda crescente.
“O cliente é a peça-chave para esse processo de boas práticas, de urbanismo sustentável, regenerativo. Urbanismo é a arquitetura. O nosso produto de mercado imobiliário só vai dar certo porque o nosso cliente hoje se qualificou para receber esse produto mais elaborado”, destaca Rayssa, que representa a liderança feminina na sociedade do escritório de urbanismo.
Dentro das empresas, as mulheres têm um papel crucial. Suas habilidades, como o cuidado e a capacidade multitarefa, são inestimáveis para a gestão e inovação.
A mulher representa um nicho de mercado com potencial significativo. Sua influência na decisão de compra e sua capacidade de avaliar diferentes facetas de um produto são elementos valiosos para o mercado imobiliário. É imperativo que a visão e as necessidades das mulheres sejam contempladas na concepção de produtos imobiliários. Rayssa tem a visão da necessidade de adequar o produto ao público feminino “podemos realmente qualificar a nossa entrega para atender esse público que é tão especial e tão presente apesar de ainda pouco focado, pouco visualizado no mercado.”
A liderança da ADIT Mulher surgiu a partir de uma experiência pessoal que a arquiteta enfrentou no mercado de trabalho. Ela percebeu que, apesar dos avanços, ainda persistem desafios para as mulheres. O movimento nasceu com o propósito de não apenas destacar essas questões, mas também de agir concretamente para melhorar o cenário para as mulheres no mercado de trabalho.
“Conversando com o pessoal da Adit, eu relatei para eles essa experiência negativa que eu tive, e a gente começou a pensar como poderia fazer para ajudá-las, como a gente poderia contribuir para que esse cenário de fato melhorasse, e não apenas superficialmente, mas com ações concretas”, ela relembra.
O impacto de profissionais como Rayssa Bielefeld no campo do urbanismo e no mercado imobiliário é inegável. Sua atuação na ADIT, criando o núcleo feminino e a defesa do urbanismo regenerativo refletem o compromisso com práticas mais sustentáveis e inclusivas. O reconhecimento do papel das mulheres no mercado imobiliário não é apenas uma questão de equidade, mas também uma estratégia inteligente para impulsionar negócios e resultados concretos. O futuro do mercado imobiliário depende da conscientização e de ações regenerativas, que passam pela inclusão das perspectivas femininas.
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