2018 não foi fácil pra mim. Passei a maior parte do ano me questionando: em que eu realmente sou excelente? O que eu poderia fazer além daquilo que sei? E fazer muito bem. Resolvi seguir minha intuição.
E essas questões vieram à tona após uma jornada empreendedora que completará dois anos agora em janeiro e que contei no ano passado, nesta mesma época, no artigo “Empreendi. E vem sendo uma jornada enriquecedora.”
Acontece que, neste ano, consegui superar o trauma de ter começado de forma tortuosa a minha empresa e aprendi que, hoje, precisamos ser o vilão na vida dos outros. Isso significa que certas pessoas entram em suas vidas para provocar mudanças.
Com toda a vivência adquirida em 2018, o sentimento é de gratidão: o caminho que eu lamentei estar errado não poderia ter sido o mais correto.
E vou te contar o porquê.
O trem já havia voltado aos trilhos e, embora não viajasse em velocidade de locomotiva, seguia o fluxo: família, primeiros cases na empresa, início do trabalho com o Marc Tawilpela MTWL, primeiros flertes com a Câmara de Comércio e Indústria Franca-Brasil, engajamento em grupos femininos.
E o resultado disso? Eu não estava feliz com o que estava fazendo.
No meio do ano, realizei que não conseguia dar conta da minha nova rotina, sacrificava o tempo do esporte e de momentos para reflexão e lazer em prol de trabalho e mais projetos que chegavam para mim.
Foi quando eu parei para refletir como havia chegado a este ponto. Percebi que muito do que estava fazendo era em virtude do que os outros me pediam e não por minha própria vontade ou planejamento. Em resumo, uma atuação reativa e não proativa.
A rotina te devora.
Foi nesse momento que percebi que precisava de ajuda para buscar o que estava faltando. Encontrar a mim mesma. O processo de autoconhecimento, tão necessário e até subjugado no mercado corporativo, é um caminho sem volta. E que bom.
Qual meu caminho? Terapia semanal, literatura sobre o tema, cursos, podcasts…
Meu momento de “ahá!” veio após a leitura de “Liderança Shakti: o equilíbrio do poder feminino e masculino nos negócios” escrito por Nilima Bhat e Raj Sisodia.
Com um casal de filhos pequenos (Cora, 4 anos, Josh, 2 na época) terminar um livro já era uma grande conquista.
Na Foto Marc e eu com Raj Sisodia, coautor do livro junto com Nilima Bhat
Soube na ocasião que haveria uma imersão de três dias em liderança Shakti, promovida pelo Instituto Capitalismo Consciente Brasil em São Roque, perto de São Paulo. Decidi ir.
Nesta época eu já estava gravando os episódios de Vieses Femininos, um projeto que comecei em agosto, no impulso de me auto-motivar e compartillhar histórias inspiradoras de liderança e protagonismo com mulheres incríveis.
Durante a imersão, recebi uma visão inovadora e essencial sobre liderança.
“O líder que você é é a pessoa que você é.”
(The leader you are is the person you are)
Liderança Shakti
Na Foto a turma da imersão e eu ao lado da coautora do livro: Nilima Bhat.
Também fiquei sabendo que, dentro de um mês, haveria a primeira turma de formação em Liderança Avançada para Mulheres pela San Diego University, na Califórnia.
Eu não sabia como iria fazer, mas precisava estar naquele curso. Não tinha me planejando financeiramente e pensar em ficar sete dias longe de casa era mais insano do que a viagem em si.
E aquela máxima que o universo conspira pode ser aplicada aqui.
Para participar do curso era preciso ter um projeto, que seria (e está sendo) desenvolvido ao longo dos nove meses de curso.
Era tudo o que eu precisava para entender para onde iria o Vieses Femininos, além de me ajudar a responder aquelas perguntas que continuava fazendo a mim mesma.
Com ajuda do meu marido e filhos, fui para San Diego com a expectativa de que iria direcionar meu projeto.
A vivência em San Diego com 21 mulheres de diversos países, culturas e gerações distintas foi algo tão nobre e tão grande que não cabe neste artigo. Só posso resumir que foi muito além de toda e qualquer expectativa. Além de realizar um sonho de vida, que era estudar em uma universidade fora do Brasil.
Voltei do curso com uma máxima que não sai da minha mente desde então:
“Liderança não é gestão. É um estado de espírito”.
Agora, foi uma metáfora de uma colega do curso, a mais experiente de todas: Nina, 65 anos, que me despertou para a resposta da dúvida que me atormentou durante o ano: no que eu sou realmente muito boa?
Não pude conversar tanto com Nina durante os 7 dias, mas sua experiência e história de vida me marcaram. No momento final da despedida ela segurou minhas duas mãos e, olhando no fundo dos meus olhos, falou:
“Sinto sua energia como alguém que sacode uma caixa bagunçada, cheias de bolinhas e, com a força da sua vibração, elas se organizam de forma harmônica e concisa”.
Na Foto Nina está ao meu lado, com seus longos cabelos brancos
Fiquei sem respirar por alguns segundos. Eu sempre soube da minha capacidade de entrega, mas nunca tinha entendido que daí viria a resposta para aquela pergunta.
De volta ao Brasil, comecei a trabalhar nesse lado e aceitei o desafio de mentorar duas coachs, sócias em uma empresa de recrutamento, para organizar as ideias de negócios e definir o público alvo para cada atividade.
Desta experiência, adaptei minha própria metodologia e, no final do ano, comecei com mais mentorandas que sentiam necessidade dessa “chacoalhada” na caixa de bolinhas, como a Nina havia descrito.
Na foto ao lado a mandala (medalha) que representa a conclusão da imersão e início da formação.
Em 2019, eu me formarei em Liderança Avançada para Mulheres, o Vieses Femininos ainda vai transformar nos próximos meses de “gestação” e eu continuo com uma certeza conquistada em 2018 e que se estenderá para os próximos longos anos, resumida num provérbio judaico:
“Qualquer caminho serve quando não se sabe para onde está indo”.
A chave para abrir essa porta? Autoconhecimento. Somente autoconhecimento.
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