Mulher, além de março

Começamos mais um mês de março, o “mês da Mulher”, quando grande parte das empresas e instituições dedicam orçamentos e programas pela diversidade, inclusão e equidade para ações ligadas à representatividade feminina do seu setor.

No dia 8 de março, quando reforçamos o nosso papel na sociedade, muitos não sabem, ainda, a origem e o motivo desta data, que foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975. 

A origem da data escolhida para celebrar as mulheres tem algumas explicações históricas. No Brasil, relacionamos a data a um fato histórico que não nos dá motivo algum para celebração: ao incêndio ocorrido em Nova York no dia 25 de março de 1911 na Triangle Shirtwaist Company, quando 146 trabalhadores morreram, sendo 125 mulheres, que trouxe à tona as más condições enfrentadas por mulheres na Revolução Industrial. (Fonte BBC)

Em outros países, como na Rússia, quando em 1917 milhares de mulheres foram às ruas contra a fome e a guerra, numa greve que foi o pontapé inicial para a revolução russa, esse foi o fato que colabora pela origem do Dia Internacional da Mulher.

O protesto aconteceu em 23 de fevereiro pelo antigo calendário russo – 8 de março no calendário gregoriano, que os soviéticos adotariam em 1918 e é utilizado pela maioria dos países do mundo hoje.

“Certamente, o 8 de Março é um dia de luta, dia para lembrarmos que ainda há muitos problemas a serem resolvidos, como os da violência contra a mulher, do feminicídio, do aborto, e da própria diferença salarial.”

Eva Blay – socióloga, professora e ex-senadora.

Lembrando que o Brasil é o 5º país que mais mata mulher e, na contramão de outros índices de violência, o feminicídio cresceu 7,2% no nosso país. Em 2019, foram 1.310 mulheres assassinadas vítimas de violência doméstica ou por sua condição de gênero.

Neste ano, a ONU Mulheres anunciou que o tema do Dia Internacional das Mulheres será: “Eu sou a Geração Igualdade: concretizar os direitos das mulheres”.

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De acordo com a ONU Mulheres, o ano de 2020 é crucial para o avanço da igualdade de gênero em todo o mundo, pois a comunidade global fará um balanço dos progressos alcançados aos direitos das mulheres desde a adoção da Plataforma de Ação de Pequim. Também marcará vários outros momentos decisivos no movimento de igualdade de gênero: os cinco anos de adoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável; o 20º aniversário da resolução 1325 sobre Mulheres, Paz e Segurança do Conselho de Segurança da ONU; e o 10º aniversário de criação da ONU Mulheres. (fonte ONU Mulheres

Há algum tempo que chamo a atenção para o tema da liderança feminina além da lucratividade, como exploro em minhas palestras, wokshops e no artigo que escrevi sobre as8 razões que destaco sobre o tema.

Aqui, trago novamente as razões pelas quais precisamos reforçar a presença feminina muito além do mês de março:

1ª: Apoio. Mais mulheres assumindo cargos de liderança traduzem em um ambiente mais equilibrado, evitando a sensação de ser “a única” que ainda é uma experiência comum para milhões de mulheres no mercado. Uma em cada cinco mulheres diz que, por várias vezes, está só no ambiente de trabalho: em outras palavras, está isolada. Isso é duas vezes mais comum para mulheres em nível sênior e em funções técnicas: 40%.

2ª Identidade. As marcas e empresas precisam se identificar com o e pelo público feminino afinal, somos 52% da população brasileira, segundo dados do IBGE.

3ª Inspiração. A famosa capa da INC. Magazine com a CEO da The Wing, Audrey Gelman, bem como sua frase – “Você não pode ser o que não pode ver” – mostram que precisamos de lideranças para que mais mulheres se sintam inspiradas e motivadas de que sim, é possível. Agora, temos a nossa versão nacional com a co-fundadora do NuBank, Cristina Junqueira sendo destaque da Forbes, grávida, como destaque dentre as 20 lideranças mais poderosas do Brasil.r

Cristina Junqueira - CoFounder NuBank

4ª Zeitgeist. O termo alemão que significa “espírito do tempo” define o que Melinda Gates manifestou no anúncio de seu programa de incentivo à equidade: uma janela foi aberta com as manifestações globais, como o movimento #MeToo e, mais recentemente, ö estuprador é você”. É preciso aproveitar o momento – que não deve durar por muito tempo.

5ª Pertencimento. De acordo com o “Getting to Equal 2019: Criando uma cultura que impulsiona a inovação”, um estudo recente publicado pela Accenture, “a cultura da igualdade impulsiona a inovação e que, um ambiente fortalecedor, com um alto senso de pertencimento e aprendizado é um ingrediente essencial”. É preciso ter representatividade para gerar pertencimento.

6ª Equilíbrio. Trazer e promover o equilíbrio e crescimento inclusivo para o nosso espaço de trabalho, preparando as mulheres para lidar com os papéis e responsabilidades que eles merecem, querem e precisam.

Assine aqui meu podcast Vieses Femininos e ouça uma nova edição a cada semana.

7ª Justiça. Em dezembro de 2018, o Fórum Econômico Mundial apontou que todo o mundo levaria dois séculos para alcançar a paridade salarial. Atualmente, o Brasil ocupa o 132º lugar no item equidade salarial para trabalho similar, no ranking com 149 nações. Homens e mulheres ganhando o mesmo valor para exercer a mesma função é um questão de justiça social.

8ª Tempo. As mulheres vão ganhar o mesmo que os homens apenas em 2085, vão ocupar 51% dos cargos de diretoria executiva ( percentual que as mulheres representam na população brasileira) em 2126 e, a mesma perca em cargos de alta gestão, somente no ano de 2213 (Fonte:Folha de São Paulo).

Agora, você me diz: temos ou não muitos motivos para continuar com a temática da liderança feminina além do mês de março?

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Elisa Tawil (@elisatawil) é mentora, consultora e podcaster à frente do Vieses Femininos. Escolhida uma das Top Voices 2019 do LinkedIn, é idealizadora e cofundadora do Mulheres do Imobiliário. Primeira certificada Shakti Leader em São Paulo, é membro do Tiara Resource Circle. Colunista do Blog HSM Management – “Empresas Shakti”.

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Elisa Rosenthal é diretora presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário. Colunista no Estadão e Exame. LinkedIn Top Voices. Autora de “Proprietárias” e “Degrau Quebrado”. Vencedora do prêmio Conecta Imobi 22 e 23 - Voz Feminina e ESG. Eleita a mulher mais influente do mercado imobiliário de 2023 pela Imobi Report.

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