O que você tem feito por mais mulheres na política?

O mundo vibrou com a eleição da primeira mulher ao cargo de vice-presidente dos Estados Unidos e muito se falou nesta semana sobre a frase de impacto de seu discurso: “posso ser a primeira, mas não serei a última”. O que temos feito por mais mulheres na política?

Neste final de semana, seremos nós brasileiros que iremos às urnas.

Há apenas 88 anos, nós mulheres, nem sequer participávamos da vida política do Brasil, pois éramos proibidas de votar.

Somente em 24 de fevereiro de 1932, o Código Eleitoral passou a assegurar o voto feminino. Direito este que veio aos poucos, concedido apenas a mulheres casadas, com autorização dos maridos, e para viúvas com renda própria. Essas limitações deixaram de existir apenas em 1934, quando o voto feminino passou a ser previsto na Constituição Federal.

Hoje, celebramos quando nos vemos representadas por mulheres em cargos de importantes decisões. Agora, o que estamos fazendo para incentivar que mais mulheres possam exercê-lo?

Em agosto de 2019 estive num evento sobre liderança feminina, realizado num auditório lotado de um conhecido coworking em São Paulo. Acredito que estávamos em mais de 300 mulheres na platéia para ouvir um debate sobre liderança feminina. Quando questionaram quem gostaria de ver mais mulheres na política, todas levantaram as mãos.  Quando questionaram quem ali havia se candidatado para essas eleições, o silêncio mostrou o quanto ainda precisamos fazer para que o resultado que queremos, aconteça na prática.

Em agosto deste ano, enviei uma mensagem para a vereadora de São Paulo, Janaína Lima, do NOVO, pedindo por uma opinião sobre um projeto que estou escrevendo focado nas mulheres.

Ao nos falarmos, Janaina me fez um convite inusitado: aderir tecnicamente a sua campanha pela reeleição à Câmara Municipal de São Paulo.

Minha primeira reação foi agradecer pelo convite e pela confiança no meu trabalho em gestão, mas recusei pelo fato de nunca haver trabalhado com política em minha vida (e não ter a intenção de).

Continuamos em contato nos meses seguintes e, em outubro, após várias conversas, me lembrei daquela enorme platéia que não levantou uma só mão ao ser questionada pelo que temos feito por mais mulheres na política. Foi assim que decidi aceitar participar do time técnico, dentro do comitê eleitoral.

O que aprendi nos últimos 45 dias ficará marcado para sempre na minha vida pessoal e profissional.

Quem me acompanha há mais tempo sabe da minha atuação pela liderança feminina e o quanto incentivo novos espaços para que as mulheres possam ser representadas.

Grande parte da minha decisão foi pelo fato de ver em Janaína Lima uma mulher com uma energia fora do comum, construindo uma carreira política pautada em valores dos quais eu compartilho: honestidade, austeridade, transparência e ideias liberais.

Quando cheguei ao seu comitê, encontrei uma equipe de profissionais diversos de altíssimo nível, em sua grande maioria composta por mulheres, trabalhando com brilho nos olhos e uma paixão pela causa que fazia tempos não sentia. 

Acompanhei de perto o dia a dia de batalhar por conquistar o espaço na política pública do município, vendo e sentindo de perto o enorme trabalho e obstáculos enfrentados para destacar uma mulher na corrida eleitoral.

Participei de uma equipe focada em criar propostas para o município de São Paulo, com professores, PhDs e profissionais que estimularam minha capacidade de convergir em propostas, a mudança que acreditamos ser necessária para o futuro da nossa cidade e sociedade. 

Coragem muda tudo

O que me chamou a atenção foi a liderança que Janaína demonstrou nesses dias. Boa parte do que estudei nos livros nos últimos anos sobre o equilíbrio entre as energias feminina e masculina pude ver, de perto, nela.

Com sua voz ao mesmo tempo gentil e forte, ela engaja multidões ao seu redor, onde quer que vá. E a cada 30.300 que entoamos, sentimos ainda mais a vibração do trabalho que está sendo feito para a cidade. Ela sabe qual caminho quer trilhar, sem trampolins ou atalhos.

Trabalhei nos últimos 45 dias todos os dias, nos horários mais diversos e, foram poucos os momentos em que vi sua energia diminuir. Clareza, firmeza, doçura e sempre um sorriso no rosto. Uma mulher que passou a ganhar a minha admiração pelas suas entregas, ideais e sua forma de liderar.

De todos os ensinamentos dessa convivência, levo a confirmação de que ainda precisamos de mais mulheres no poder – especialmente as corajosas. É como ela mesma repete: coragem muda tudo.

Reconheço na Janaína Lima uma liderança feminina na política que recebe meu voto de confiança. 

Domingo vote consciente e saiba que a mudança que você quer, precisa partir de você. 

***

Elisa Tawil

Multiplicadora de liderança feminina.

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Elisa Rosenthal é diretora presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário. Colunista no Estadão e Exame. LinkedIn Top Voices. Autora de “Proprietárias” e “Degrau Quebrado”. Vencedora do prêmio Conecta Imobi 22 e 23 - Voz Feminina e ESG. Eleita a mulher mais influente do mercado imobiliário de 2023 pela Imobi Report.

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