Seu próximo investimento estará atrelado à equidade

Em minhas palestras e workshop costumo trazer o case da Victoria Secret para ilustrar que representatividade importa. E como. Em setembro de 2019 os investidores anunciaram que iriam cessar os aportes na marca pela falta de representatividade feminina dentre os gestores. Seus famosos desfiles não só deixaram de acontecer no ano passado, como foram engolidos pela diversidade e inclusão apresentada por marcas concorrentes, como a Savage X Fenty, liderada por Rihanna. O fato acendeu o sinal vermelho para quem ainda insiste em relutar pela diversidade e equidade.

Até aqui você pode estar creditando a causa pela equidade à indústria feminina, ou marcas que atuem pela mulher.

Abra os olhos. A causa pela liderança feminina vai muito além da questão de gênero, como já trouxe aqui em outros artigos sobre o assunto.
O recente anúncio da Goldman Sachs durante o Fórum Econômico Mundial em Davos na Suíça é o sinal amarelo de que precisamos parar e pensar. 

Segundo a reportagem publicada no portal Exame, a Goldman Sachs só vai fazer IPO de empresas com mulheres no conselho. Tal exigência, que começa a valer em julho de 2020, tem explicação: companhias que investem em diversidade de gênero tendem a ter resultados 15% acima da média.

A questão da equidade vai muito além da lucratividade, como expliquei nessas 8 razões dentre elas equilíbrio, justiça, tempo e zeitgeist – o espírito do tempo.

E estas razões foram validadas pela declaração de David Solomon, presidente do Goldman Sachs: “Podemos até perder alguns negócios” declarou.

“Mas no longo prazo acho que esse é o melhor conselho para as companhias que querem dar alto retorno a seus acionistas.”

David Solomon

Sinal verde

Muitas empresas buscam um propósito. Nascemos com um: mudar o mundo para melhor. É desta foram a líder global em dados empresariais e financeiros, notícias e insights, Bloomberg, se apresenta em seu site.

Empresas que buscam um propósito maior, apresentam soluções como o Índice Bloomberg de Igualdade de Gênero (GEI), que acompanha o desempenho financeiro das empresas públicas comprometidas em apoiar a igualdade de gênero por meio do desenvolvimento de políticas, representação e transparência.

O ranking distingue as empresas comprometidas com a transparência no reporte de ações para promover igualdade de gênero e o avanço da participação das mulheres no ambiente de trabalho. 

“Esse nível de transparência na forma como as empresas estão lidando com a igualdade de gênero no local de trabalho e suas comunidades locais está alimentando a tomada de decisões financeiras em todo o mundo, e está apoiando o caso de negócios para um ambiente corporativo inclusivo.”

Peter T. Grauer
Presidente, Bloomberg

Outra ação propositiva que já está em ativação no Brasil desde 2017 é o 30% Club, que foi lançado como uma campanha no Reino Unido em 2010 e, desde então, expandiu-se para quatorze outros países/regiões. 

O 30% Club Chapter Brazil propõe que empresas brasileiras estabeleçam as seguintes metas:

  • zerar todas os conselhos exclusivamente masculinos nas novas empresas do segmento de mercado da B3 até 2020 (de 65% de todos os conselhos masculinos em 2018)
  • 30% de mulheres nos conselhos das empresas listadas na B3, a nossa bolsa de valores, até 2025

A ação proposta pelo clube endossa ainda mais benefícios oriundos pela diversidade de gênero:

Desempenho financeiro: Empresas no quartil superior para diversidade de gênero e equidade em suas equipes executivas têm 21% mais chances de experimentar rentabilidade acima da média do que as empresas no quarto quartil (McKinsey, 2018)

Desempenho da sustentabilidade: A liderança feminina está ligada à redução das emissões de gases de efeito estufa, às relações mais fortes dos trabalhadores e à redução da incidência de fraudes, insider trading e outras práticas antiéticas (IFC, 2019)

Desenvolvimento econômico e social: empoderar mulheres e meninas pode contribuir até US$ 28 trilhões para o PIB global até 2025 (McKinsey Global Institute, 2015)

Estes são os sinais de que a sua empresa precisa se adaptar, e logo. O seu próximo aporte de investimento pode envolver decisões que vão muito além da lucratividade. Leia os sinais.

***

Elisa Tawil

Elisa Rosenthal é diretora presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário. Colunista no Estadão e Exame. LinkedIn Top Voices. Autora de “Proprietárias” e “Degrau Quebrado”. Vencedora do prêmio Conecta Imobi 22 e 23 - Voz Feminina e ESG. Eleita a mulher mais influente do mercado imobiliário de 2023 pela Imobi Report.

Não há comentários neste post

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Comece a digitar e pressione Enter para pesquisar

Shopping Cart