À medida que as cidades ao redor do mundo se preparam para a tão esperada reabertura do comércio e serviços, empresas e empreendedores procuram se adequar às medidas de segurança e higiene que, agora, entram para nossa rotina também no ambiente de trabalho.
O nome é pomposo: “Protocolos para a reabertura”.
O momento pede uma retomada que atenda aos protocolos de higiene e distanciamento social, indicando normativas para espaço de trabalho e condutas de limpeza e higienização. Contudo, algo se destaca em meio aos critérios técnicos: existe uma preocupação legítima com as negociações e relações interpessoais.
“Permitir o teletrabalho para empregados que não tenham quem cuide de seus dependentes incapazes” começa o item 5.5 do protocolo de reabertura dos escritórios de serviços, divulgado no dia 5 de junho no Diário Oficial da Cidade de São Paulo, indicado no anexo II da portaria 605/2020. “O empregador deverá acordar com o empregado uma forma alternativa de manutenção do emprego”, prossegue o texto.
Foi preciso parar o mundo para que pudéssemos rever os protocolos de conduta pessoais e, agora, os profissionais.
Na webisérie #conversascorajosas, que gravei com Gabrielle Teco para a edição 140 da Revista HSM Management (assista aqui) sobre a Gestão do Caos, ressaltei a importância das renegociações para este momento.
Coluna mensal publicada originalmente pela HSM Management – Empresas Shakti
O que aprendemos nos cursos de administração é que uma negociação saudável e positiva é o “ganha-ganha” – em que os dois lados que negociam saem ganhando.
No contexto histórico em que vivemos, esse conceito se mostra cada vez mais ultrapassado – ainda mais quando entendemos que, a cada dia, penetramos mais profundamente nas camadas da Nova Economia.
No modelo econômico em que a base são os serviços, a negociação precisa ser “ganha-ganha-ganha” ou, como costumo nomeá-la, em três níveis. Para saber se algo está sendo acordado dentro deste conceito, há três perguntas a serem feitas:
- Esta negociação está sendo positiva para mim?
- Esta negociação está sendo positiva para a outra parte?
- Esta negociação está sendo positiva para a empresa e para o meio ambiente?
Veja que a última pergunta possui duas partes: empresa e meio ambiente.
Sabemos que cada novo passo dado rumo à transformação digital se trata, também, de mais um passo em direção à valorização dos indivíduos dentro das organizações, afinal, empresas e organizações são constituídas por pessoas e isso não é novidade.
O que o novo contexto pós-pandêmico evidencia é justamente a conexão direta entre nós, indivíduos, com as empresas e a sustentabilidade.
Estas evidências estão reforçadas pelos protocolos de reabertura, mostrando nossas parcelas individuais de responsabilidade no combate global ao novo coronavírus e pela retomada econômica.
Nesta revisão de protocolos, precisamos igualmente rever nossas estratégias e práticas de negociação.
Para aqueles que acompanham de perto as necessidades diversas que se apresentam pelo impacto sócio-econômico do inimigo invisível, não existe o entendimento de que estamos “todos no mesmo barco” – e sim “no mesmo oceano, só que em barcos diferentes”.
E é preciso enxergar além do seu próprio convés para saber navegar sob um céu nublado e pouca visibilidade.
Nos protocolos de reabertura das negociações é preciso compreender que não é possível retomar do ponto que estavam no velho normal. Agora, é preciso enxergar o contexto do terceiro nível, como trago aqui, em que nova negociação considera, além dos barcos nos quais navegamos, o oceano como um todo.
Para retomarmos o comércio, serviços e os negócios saudavelmente é preciso seguir novos protocolos, elevando as nossas relações para o terceiro nível, com negociações mais conscientes e empáticas.
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